terça-feira, 11 de novembro de 2025

Atividade de interpretação de texto sobre: O Movimento dos Direitos Civis

Rosa Parks foi presa ao 01 de dezembro de 1955 ao se recusar a ceder seu assento no ônibus para um passageiro branco. Em resposta, a população negra de Montgomery organizou um boicote aos ônibus da cidade que acabou se prolongando por um ano e culminando na decisão da Suprema Corte quanto à ilegalidade da segregação nos ônibus da cidade.



A tentativa de integração da Little Rock Central High School, em Arkansas, foi recebida com violência por parte da população branca local. 


Manifestante pacífico é atacado pela polícia, com cachorros, em Birmingham (1963). A imagem foi capa do New York Times no dia seguinte e correu o mundo como exemplo da violência policial nos Estados Unidos, fortalecendo a percepção de superioridade moral dos manifestantes negros em luta pelo fim da segregação e das desigualdades.
Manifestante pacífico é atacado pela polícia, com cachorros, em Birmingham (1963). A imagem foi capa do New York Times no dia seguinte e correu o mundo como exemplo da violência policial nos Estados Unidos, fortalecendo a percepção de superioridade moral dos manifestantes negros em luta pelo fim da segregação e das desigualdades.



 Interpretação de texto e perguntas sobre o Movimento dos Direitos Civis (EUA, 1954-1968)


O Movimento dos Direitos Civis foi empreendido por parte da população negra dos Estados Unidos entre 1954 e 1968 como parte da luta para acabar com a segregação no país. Em meados do século XX, a população negra do sul do país era impedida de exercer seu direito ao voto, era prejudicada no acesso à moradia e segregada em escolas, universidades, transportes, restaurantes, banheiros etc. Além disso, sofria vários tipos de violências psicológicas e físicas, incluindo linchamentos.

Havia também uma longa tradição de resistência, inclusive jurídica, praticada pela NAACP (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor) e outras organizações. O trecho abaixo, de autoria do historiador Howard Zinn, apresenta três episódios dos primeiros anos de Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos: a decisão da Suprema Corte quanto à dessegregação das escolas (1954), o boicote aos ônibus em Montgomery (1955-56) e os sit-ins. Leia-o atentamente e, ao final, responda às perguntas.


Brown v. Board of Education: a ilegalidade da segregação e a lenta dessegregação 

“Em 1954, a Suprema Corte finalmente derrubou a doutrina do “separados, mas iguais”, que ela havia defendido desde a década de 1890. A NAACP levou uma série de casos à Corte para contestar a segregação nas escolas públicas, e agora, em Brown v. Board of Education, a Corte declarou que a separação de crianças nas escolas “gera um sentimento de inferioridade (...) que pode afetar seus corações e mentes de uma forma talvez irreversível”. No campo da educação pública, disse a Corte, “a doutrina do ‘separados, mas iguais’ não tem lugar”.

A Corte não exigiu mudança imediata: um ano depois, declarou que as instalações segregadas deveriam ser integradas “com toda a rapidez deliberada” (“with all deliberate speed”). Em 1965, dez anos após essa orientação, mais de 75% dos distritos escolares do Sul permaneciam segregados.

Ainda assim, foi uma decisão dramática — e a mensagem correu o mundo em 1954: o governo americano havia tornado ilegal a segregação. Nos Estados Unidos também, para aqueles que não pensavam no costumeiro abismo entre palavra e fato, foi um sinal empolgante de mudança.

O que para alguns parecia um progresso rápido, para os negros era claramente insuficiente. No início dos anos 1960, pessoas negras se levantaram em rebelião por todo o Sul. E no final da década, engajavam-se em insurreições violentas em centenas de cidades do Norte. Tudo isso surpreendeu aqueles que não possuíam a profunda memória da escravidão — a presença cotidiana da humilhação, registrada na poesia, na música, nos ocasionais surtos de raiva e nos silêncios sombrios mais frequentes. Parte dessa memória era composta de palavras proferidas, leis aprovadas e decisões tomadas que acabavam se revelando vazias.

Para um povo assim, com essa memória e essa recapitulação diária da história, a revolta estava sempre a minutos de acontecer — um mecanismo de tempo que ninguém havia ajustado, mas que podia disparar com algum conjunto imprevisível de eventos. Esses eventos vieram, no fim de 1955, na capital do Alabama — Montgomery.


O boicote aos ônibus em Montgomery

Três meses após sua prisão, Rosa Parks, uma costureira de 43 anos, explicou por que se recusou a obedecer à lei de Montgomery que exigia segregação nos ônibus urbanos, e por que decidiu sentar-se na seção “branca” do veículo:


Bem, em primeiro lugar, eu havia trabalhado o dia inteiro. Estava bastante cansada depois de um dia inteiro de trabalho. Eu lido e costuro roupas que as pessoas brancas usam. Isso não me veio à mente naquele momento, mas o que eu queria saber era: quando e como iremos, enfim, determinar nossos direitos como seres humanos? (...) Aconteceu que o motorista fez uma exigência, e eu simplesmente não senti vontade de obedecê-la. Ele chamou um policial e eu fui presa e levada à cadeia.


Os negros de Montgomery convocaram uma reunião em massa. Uma força poderosa na comunidade era E. D. Nixon, veterano sindicalista e organizador experiente. Decidiu-se boicotar todos os ônibus da cidade. Organizaram-se caronas para levar os negros ao trabalho; a maioria das pessoas ia a pé. A cidade reagiu acusando cem líderes do boicote e enviando muitos à prisão. Os segregacionistas brancos recorreram à violência. Bombas explodiram em quatro igrejas negras. Um tiro de espingarda foi disparado contra a porta da frente da casa do Dr. Martin Luther King Jr., o jovem pastor de 27 anos, nascido em Atlanta, que era um dos líderes do boicote. A casa de King foi bombardeada. Mas o povo negro de Montgomery persistiu, e em novembro de 1956, a Suprema Corte tornou ilegal a segregação nas linhas de ônibus locais.


Não-violência e amor como princípios

Montgomery foi o começo. Ela antecipou o estilo e o espírito do vasto movimento de protesto que varreria o Sul nos dez anos seguintes: reuniões emocionadas em igrejas, hinos cristãos adaptados às lutas contemporâneas, referências a ideais americanos perdidos, o compromisso com a não violência, e a disposição para lutar e sacrificar-se. Um repórter do New York Times descreveu uma dessas reuniões durante o boicote:


Um após o outro, os líderes negros indiciados subiram ao púlpito de uma igreja batista lotada esta noite para conclamar seus seguidores a evitar os ônibus da cidade e “andar com Deus”.


Mais de duas mil pessoas negras encheram a igreja do porão ao balcão e transbordaram para a rua. Cantaram e entoaram cânticos; gritaram e oraram; desabaram pelos corredores, suando sob um calor de 30 graus. Reafirmaram repetidas vezes seu compromisso com a “resistência passiva”. Sob essa bandeira, mantiveram por oitenta dias um teimoso boicote aos ônibus da cidade.

Nessa reunião, Martin Luther King deu uma prévia da oratória que logo inspiraria milhões de pessoas a exigir justiça racial. Ele disse que o protesto não era apenas pelos ônibus, mas por coisas que “se aprofundam nos arquivos da história”. Disse ele:



Conhecemos a humilhação, conhecemos a linguagem abusiva, fomos mergulhados no abismo da opressão. E decidimos nos levantar apenas com a arma do protesto. É uma das maiores glórias da América que tenhamos o direito de protestar.

Se formos presos todos os dias, explorados todos os dias, pisoteados todos os dias, jamais deixem que alguém os rebaixe tanto a ponto de odiá-los. Devemos usar a arma do amor. Devemos ter compaixão e compreensão por aqueles que nos odeiam. Devemos perceber que muitas pessoas foram ensinadas a nos odiar, e que, portanto, não são totalmente responsáveis por esse ódio. Mas estamos na vida à meia-noite — sempre à beira de uma nova aurora.


A ênfase de King no amor e na não violência foi extremamente eficaz para conquistar simpatia em todo o país, entre brancos e negros. Mas havia negros que achavam a mensagem ingênua — que, embora alguns pudessem ser conquistados pelo amor, outros precisariam ser combatidos duramente, e nem sempre de forma não violenta.

Dois anos após o boicote de Montgomery, em Monroe, Carolina do Norte, um ex-fuzileiro naval chamado Robert Williams, presidente local da NAACP, tornou-se conhecido por defender que os negros deveriam se proteger contra a violência — com armas, se necessário. Quando membros da Ku Klux Klan atacaram a casa de um dos líderes da NAACP local, Williams e outros negros, armados com rifles, revidaram. A Klan recuou. (A Klan começava agora a ser enfrentada com sua própria tática de violência; uma invasão da Klan a uma comunidade indígena na Carolina do Norte foi repelida por indígenas armados de rifles.)




Os sit-ins

Ainda assim, nos anos seguintes, os negros do Sul continuaram a enfatizar a não violência. Em 1º de fevereiro de 1960, quatro calouros de uma faculdade negra em Greensboro, Carolina do Norte, decidiram sentar-se no balcão de almoço da loja Woolworth no centro da cidade, onde apenas brancos comiam. Foram recusados, e, quando se negaram a sair, o balcão foi fechado para o dia. No dia seguinte, voltaram — e, dia após dia, outros negros vieram sentar-se em silêncio.

Nas duas semanas seguintes, os sit-ins se espalharam por quinze cidades em cinco estados do Sul. Uma estudante de dezessete anos da Spelman College, em Atlanta, Ruby Doris Smith, contou:


Quando o comitê estudantil foi formado, pedi à minha irmã mais velha que me colocasse na lista. Quando duzentos estudantes foram selecionados para a primeira manifestação, eu estava entre eles. Fui com outros seis alunos até o restaurante do Capitólio Estadual; passamos pela fila da comida, mas, ao chegar ao caixa, ela se recusou a aceitar nosso dinheiro. (...) O vice-governador veio e nos mandou sair. Nós não saímos — e fomos levados à cadeia do condado.


Em seu apartamento no Harlem, em Nova York, um jovem professor negro de matemática chamado Bob Moses viu uma foto dos manifestantes de Greensboro nos jornais:


Os estudantes naquela foto tinham uma certa expressão no rosto — uma mistura de raiva, teimosia e determinação. Antes, o negro no Sul sempre parecia na defensiva, submisso. Desta vez, eles tomavam a iniciativa. Eram jovens da minha idade, e percebi que isso tinha algo a ver com a minha própria vida.


Houve violência contra os manifestantes. Mas a ideia de tomar a iniciativa contra a segregação ganhou força. Nos doze meses seguintes, mais de 50 mil pessoas, na maioria negras, mas também algumas brancas, participaram de manifestações de vários tipos em cem cidades, e mais de 3.600 foram presas. Mas, ao final de 1960, os balcões de almoço estavam abertos para negros em Greensboro e em muitos outros lugares.


Zinn, Howard. A People’s History of the United States. New York: HarperCollins, 2009. Subtítulos adicionados.


Com base no texto, responda as seguintes perguntas:


1) Sobre a segregação nas escolas:

1a) Como a Suprema Corte justificou ao finalmente declarar a segregação das crianças nas escolas ilegal?

1b) Pode haver uma distância considerável entre uma mudança legal e uma mudança nas práticas sociais. O fim da segregação nas escolas foi praticado com rapidez ou não? Explique. Qual poderá ser o motivo para isso?


2) Sobre o boicote aos ônibus em Alabama:

2a) O texto descreve um evento ocorrido no fim do ano de 1955, em Montgomery, Alabama, como catalisador da revolta da população negra contra a condição de violência e segregação em que vivia. Descreva este evento.

2b) Qual foi a estratégia adotada pela população negra de Montgomery, que, cerca de um ano depois, resultou na declaração da Suprema Corte da ilegalidade a segregação nas linhas e ônibus locais? Descreva-a.


3) Sobre a visão de Martin Luther King:

3a) Quais valores eram defendidos pelo pastor Martin Luther King e praticados nos protestos do movimento?

3b) Toda a população negra concordava com a proposta de King? Se discordavam, qual era a discordância? Exemplifique.


4) Sobre os sit-ins:

4a) A expressão sit-in significa, literalmente, “sentar-se dentro”. Ela é uma estratégia não-violenta adotada contra a segregação, na esteira dos movimentos anteriores pelos direitos civis da população negra. No que consistiam os sit-ins? Como se deram suas primeiras aparições?

4b) O professor chamado Bob Moses relata, no trecho, ter identificado uma mudança nas emoções expressadas pelas pessoas envolvidas nos sit-ins, em comparação com momentos anteriores ao enfrentamento da segregação. Que mudança ele percebeu?

4c) Ao final de 1960, em Greensboro e em outros lugares, já havia um resultado nítido obtido pelos sit-ins. Qual foi esse resultado?


5) Pesquise e caracterize brevemente alguns eventos de momentos posteriores da luta pelos direitos civis:

5a) A Marcha sobre Washington (1963);

5b) A Lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Voto (1965);

5c) O surgimento do movimento Black Power (1966);

5d) O assassinato de Martin Luther King (1968).


terça-feira, 5 de agosto de 2025

Palavras cruzadas de História Antiga: fenícios, chineses e persas (sexto ano)

 


Horizontal

3. Sábio cujos ensinamentos sobre respeito e obediência influenciaram a sociedade da China Antiga.

4. Atividade principal dos fenícios, que trocavam produtos por todo o Mediterrâneo.

6. Províncias do Império Persa, cada uma governada por um sátrapa.

9. Mar onde os fenícios navegavam para fazer comércio entre vários povos.

11. Sistema de escrita criado pelos fenícios com sinais para representar sons.

13. Rio nomeado em referência à coloração de suas águas. Ao seu redor teve início a civilização chinesa.

14. Vias construídas para facilitar o controle e a comunicação entre as regiões dos impérios persa e chinês.

15. "____, o Grande": Fundador do Império Persa, realizou enormes conquistas militares e respeitou a autonomia dos povos conquistados.

16. Substância que Chi Huangdi bebeu em sua busca pela vida eterna, mas que é venenosa e provavelmente causou sua morte.


Vertical

1. Símbolo usado na escrita chinesa para representar uma ideia ou palavra.

2. Tipo de cerâmica usada para construir o exército que protegia o túmulo de Chi Huangdi.

5. "Chi ____": Primeiro imperador da China unificada, famoso por unificar a muralha e por buscar a imortalidade.

7. Importante colônia fenícia no norte da África.

8. Profeta da antiga Pérsia que ensinava que o bem e o mal estão em constante batalha.

10. "____ da China". Grande construção chinesa feita para proteger o império contra invasões.

12. "____, o Grande": Rei persa que organizou o funcionamento do império, dividindo-o em satrapias, e ainda ampliou as conquistas militares.

Respostas

Horizontal
11. Ideograma
13. Amarelo
14. Estradas
15. Ciro
16. Mercúrio

Vertical
1. Ideograma
2. Terracota
5. Huangdi
7. Cartago
8. Zoroastro
10. Muralha
12. Dario

domingo, 23 de março de 2025

Palavras Cruzadas: O Renascimento

 Nível: Difícil


(Clique sobre a imagem para ampliá-la)

Horizontal

7. ___ Sanzio. Pintor italiano do Renascimento, famoso por sua obra A Escola de Atenas.

10. Princípio ou atitude que coloca o ser humano no centro das preocupações e atenção. Foi adotada pelos renascentistas, que rejeitavam o teocentrismo medieval.

13. Capela famosa pela pintura de seu teto, realizada por Michelangelo Buonarroti. É um exemplo de como a própria Igreja financiou muitos artistas florentinos.

15. ___ di Bondone. Pintor e arquiteto italiano do Trecento, conhecido por suas representações realistas. Alterou algumas convenções da arte bizantina e estudou matemática para representar melhor o espaço. Pintou A Lamentação (1305).

16. ___ Alighieri. Autor italiano da obra A Divina Comédia, que descreve a jornada de um homem através do Inferno, Purgatório e Paraíso. Rompe com a tradição medieval da escrita em latim, utilizando o dialeto toscano.

17. Estilo artístico que surgiu no final do Renascimento, caracterizado por formas exageradas e distorcidas.

20. Essa fase, no início do século XVI, apresenta uma arte ainda mais refinada e idealizada, com os mestres do Renascimento alcançando uma simbiose entre técnica e expressividade emocional. A pintura e a escultura se tornam mais dramáticas, com figuras mais complexas e composições mais dinâmicas, e o uso da luz e da sombra é levado a um nível ainda mais sofisticado. Artistas de destaque: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Ticiano.

Vertical

1. Patrocinavam artistas e obras de arte durante o Renascimento. Eram nobres, burgueses ou membros da Igreja.

2. Ciência que estuda os números, formas, quantidades e estruturas, teve grande avanço no Renascimento e foi amplamente estudada pelos artistas e escultores do movimento.

3. Movimento cultural de valorização das capacidades, potencialidades e beleza do ser humano. Iniciando em fins da Idade Média, é a principal marca do movimento renascentista. Nesse contexto, não rejeita a religião ou Deus, mas sim o considera como sua mais perfeita criação.

4. Estilo artístico que surgiu no século XVII, como reação ao classicismo do Renascimento. Tinha foco em emoções intensas, movimento e drama, explorando temas religiosos e mitológicos, muitas vezes através do contraste entre claro e escuro. O termo significa "pérola irregular".

5. Cidade italiana com grandes recursos financeiros no período Renascentista, considerada o berço do Renascimento. Nela, grandes artistas viveram e trabalharam, sendo financiados por mecenas, como os banqueiros Médici.

6. ___ Final. Tema cristão representado em várias obras de arte, incluindo a pintura de Michelangelo na Capela Sistina, que descreve a narrativa cristã da história humana.

8. Sofonisba ___. Pintora que, mesmo diante dos preconceitos do período, se profissionalizou, atuando na corte espanhola, em Gênova e na Sicília. Pintou autorretratos, temas religiosos e do cotidiano. Influenciou, inspirou e abriu espaço para mulheres de gerações seguintes.

9. Michelangelo ___ (não confundir com Michelangelo Buonarroti). Pintor barroco, conhecido por sua técnica inovadora de luz e sombra (chiaroscuro), que produzia efeito de intensidade emocional e realismo em suas obras.

11. Nessa fase inicial do que veio a ser o Renascimento, a arte italiana começa a se afastar das formas medievais tradicionais e a explorar uma representação mais realista e naturalista, com ênfase nas expressões humanas e na profundidade. Alguns artistas começam a usar, em alguma medida, a perspectiva e a luz de forma mais eficaz. Artistas de destaque: Giotto, Dante, Petrarca.

12. ___ Buonarroti. Artista italiano, famoso por suas esculturas, como Baco, Pietá e David, e pela pintura do teto da Capela Sistina.

14. Fase sucessora do Trecento, em que a arte renascentista amplia a ênfase no estudo da proporção, na perspectiva e do realismo das figuras humanas. A arte reflete os ideais do humanismo, com artistas como Donatello e Botticelli buscando uma representação mais detalhada, harmônica e naturalista, incorporando as noções de simetria e equilíbrio, enquanto os espaços começam a ser representados com uma maior profundidade e tridimensionalidade. Artistas de destaque: Donatello, Botticelli, Fra Angelico, Brunelleschi.

18. Sistema de impressão com tipos móveis, aprimorada por Gutenberg em 1439. Essa inovação tecnológica revolucionou a disseminação do conhecimento na Europa, viabilizando a difusão dos princípios do Renascimento por meio de textos impressos.

19. ___ da Vinci. Modelo de "homem renascentista" pela sua proficiência em incontáveis áreas do saber e da prática. É famoso por pinturas como Mona Lisa e A Última Ceia e uma imensa quantidade de estudos, invenções e obras.


Respostas

Horizontal:

7. Rafael

10. Antropocentrismo

13. Sistina

15. Giotto

16. Dante

17. Maneirismo

20. Cinquecento


Vertical

1. Mecenas

2. Matemática

3. Humanismo

4. Barroco

5. Florença

6. Juízo

8. Anguissola

9. Caravaggio

11. Trecento

12. Michelangelo

14. Quattrocento

18. Imprensa

19. Leonardo

terça-feira, 2 de julho de 2024

O encontro entre culturas: um diálogo entre um protestante francês e um Velho Tupinambá

Em 1578, o protestante francês Jean de Léry publicou o livro “A História de uma Viagem Feita à Terra do Brasil, Também Chamada América”, relatando uma viagem de anos antes ao Brasil, em que ele viveu entre os indígenas tupinambá.


No trecho abaixo, parte do capítulo XIII do livro, ele relata uma conversa com um “Velho Tupinambá” sobre o interesse dos europeus no pau-brasil. A conversa é muito reveladora das diferentes visões de mundo entre os dois povos. Leia um trecho abaixo, sintetizado pelo historiador José Augusto Pádua:


“Por que vindes vós outros, franceses e portugueses, buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”. Léry responde que certamente tinham madeiras, mas não daquela qualidade, já que as usavam para fazer tinta e não para queimar. Ao que o Velho retruca: “E porventura precisais de muito?”.


Léry explica ao Velho que em sua terra existiam homens que comercializavam mais bens do que os índios podiam imaginar, e que “um só deles compra todo pau-brasil que muitos navios voltam carregados”. Tal discurso surpreende o Velho Tupinambá, que responde com duas perguntas ainda mais surpreendentes: “Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?” e “quando morrem para quem fica o que deixam?”. Léry, um pouco irritado, comenta que “os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim”. Mas é obrigado a explicar que os comerciantes deixam seus bens para os filhos ou para parentes próximos.


O Velho, não suportando mais escutar notícias de um comportamento tão estranho e exótico, responde com ainda maior irritação: “vejo que vós outros franceses sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais para amontoar riquezas para vossos filhos e para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutris suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados”.


Pádua, José Augusto. Jean de Léry, o pau-brasil e o velho Tupinambá. Revista ((o))eco, 2006. Disponível em: https://oeco.org.br/colunas/17223-oeco-15403/. Acesso em 13 jun. 2023.


Perguntas de checagem de compreensão:

1) Para que os europeus usavam as madeiras extraídas do Brasil?

2) Ao saber que, na Europa, um homem muito rico comprava vários carregamentos de pau-brasil para vender e enriquecer, o Velho Tupinambá pergunta: “Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?” O que será que ele tinha em mente ao fazer essa pergunta?

3) Em qual frase de Léry reconhecemos que os indígenas investigavam detalhadamente os assuntos sobre os quais conversaram?

4) No último parágrafo citado, o Velho Tupinambá exibe grande estranhamento diante do comportamento dos europeus. Do que ele os chama? Como ele compara as atitudes dos indígenas e dos europeus em relação ao cuidado deles em relação aos seus herdeiros?


Atividade de produção de texto

Com base nesse diálogo entre um francês protestante e um indígena tupinambá e nos seus conhecimentos sobre o contato entre os europeus e os povos indígenas da América, escreva um texto sobre o seguinte tema: Como os povos de diferentes culturas podem entender uns aos outros?


Para uso do(a) professor(a):


Possíveis respostas:

1) Para tingir tecidos. Como o texto afirma: "já que as usavam para fazer tinta e não para queimar".

2) O estranhamento do Velho Indígena parece remeter ao fato de, sendo a vida finita, há um limite do quanto se pode usufruir do acúmulo de riquezas.

Na pergunta seguinte feita pelo indígena, “quando morrem, para quem fica o que deixam?”, note-se que o francês explica que, ao morrer, as riquezas são deixadas para os herdeiros. O indígena afirma que os tupinambás não têm tal possibilidade em seus horizontes, pois a natureza já fornece tudo que os herdeiros precisam para também viverem bem.

3) Nesta: “os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim”.

O(a) professor(a) pode esclarecer também que não designamos os indígenas como “selvagens”, tratando-se de um uso europeu e preconceituoso da época.

4) Ele os taxa de “grandes loucos”. Afinal, os europeus atravessavam os mares e faziam grandes esforços para acumular uma riqueza que sequer terão tempo de vida para usar, sem perceber o princípio adotado pelos indígenas, formulado como pergunta: “Não será a terra que vos nutris suficiente para alimentá-los também?”


Leituras sugeridas:

Pádua, José Augusto. Jean de Léry, o pau-brasil e o velho Tupinambá. Revista ((o))eco, 2006. Disponível em: https://oeco.org.br/colunas/17223-oeco-15403/. Acesso em 13 jun. 2023.

Luisa Tombini Wittmann (Org.). Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

Warren Dean. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Canal do Youtube: As Quatro Estações

O canal do Youtube As Quatro Estações, cujos roteiros são escritos pela historiadora Regina Horta Duarte, da UFMG, contém materiais bastante diversificados sobre "as relações entre a sociedade e a natureza ao longo do tempo".

Pode ser interessante mostrar alguns deles aos alunos, seja na escola, seja em uma atividade para casa. Mas, independentemente disto, os vídeos podem ser úteis para os próprios professores.

Eis alguns exemplos:








Link para o canal: https://www.youtube.com/channel/UCEOC9XfCxfF6O08_TzqtgEA

História & Natureza, de Regina Horta Duarte
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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Atividade em grupo sobre Idade Média: Madeira, Ferro e Pedra

Leia o texto abaixo, adaptado de um trecho de A Civilização do Ocidente Medieval, de Jacques Le Goff, e responda as perguntas a respeito:

Madeira, Ferro e Pedra

A Idade Média é o mundo da madeira. Este era então o material universal. Muitas vezes uma madeira de qualidade medíocre, e ainda assim em peças de pequeno tamanho e mal trabalhadas, raramente encontrada em troncos de tamanho grande.

A madeira fornece ao Ocidente medieval um de seus principais produtos de exportação, já que no mundo muçulmano as árvores eram raras. A madeira foi a maior viajante da Idade Média ocidental, sendo também transportada sempre que possível na água (flutuando ou a bordo de navios).

Um outro produto de exportação para o Oriente é o ferro – mais exatamente, as espadas. A capacidade de fazê-la é uma herança dos bárbaros, cujas técnicas metalúrgicas originaram-se dos povos da Ásia central, terra dos metais. Mas aqui tratava-se de um produto de luxo. Ao contrário da madeira, o ferro era raro no Ocidente medieval.

O material que rivaliza com a madeira na Idade Média não é o ferro, mas a pedra. Por causa da sua raridade, o ferro fornece em geral apenas um pequeno complemento: pregos, ferragens, correntes que reforçam os muros...

Mas o tempo, que tudo idealiza, deixou visíveis a nós apenas as partes duráveis e fez desaparecer o perecível. E quase tudo era perecível. Assim, a Idade Média parece para nós uma gloriosa coleção de pedras das catedrais e dos castelos. Mas estas pedras representam apenas uma parte muito pequena do que existiu. Esta ilusão do tempo não nos deve enganar.
 
Adaptado de LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. Bauru: EDUSC, 2005.

Destaque no texto, sublinhando e numerando:
  1. As relações comerciais entre o Ocidente medieval e o mundo islâmico.
  2. A origem das técnicas metalúrgicas utilizadas na Idade Média européia.
  3. O meio de transporte utilizado no transporte das madeiras.
  4. O produto mais utilizado na Idade Média, dentre os citados no texto.
  5. O produto mais lembrado pelas pessoas do nosso tempo, quando pensam em Idade Média.

O grupo deverá entregar um texto que responda as perguntas abaixo e desenvolva outras reflexões relacionadas a elas. Este texto se originará de uma troca de ideias entre os membros do grupo, tomando como ponto de partida o enunciado abaixo:

  1. O autor conclui o texto com a seguinte afirmação: “Esta ilusão do tempo não nos deve enganar”. A que ilusão ele se refere? Por que esta ilusão acontece? Quais outros exemplos poderíamos citar de casos em que “o tempo nos ilude”? Quais características das nossas sociedades contemporâneas podem vir a ser “ilusórias” para as pessoas do futuro?
*

Sugestão de leitura para o professor


 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Texto e exercícios sobre a Primeira Guerra Mundial

Leia o texto abaixo, publicado por Luiz de Alencar Araripe no livro História das Guerras (organizado por Demétrio Magnoli. São Paulo: Contexto, 2006). Ele trata de algumas consequências da Primeira Guerra Mundial. Em seguida, responda as questões propostas.

[…] Durante a Guerra Franco-Prussiana morreram 250 mil, e na Guerra de Secessão americana, cerca de 420 mil. A Grande Guerra bateu todos os recordes de perdas humanas, girando as estimativas de mortos em combate em torno de 10 milhões. As seis maiores batalhas — a do Somme em primeiro lugar, com 1 milhão de mortos — respondem por mais de 30% do total de vítimas fatais em combate. O número de feridos foi a 20 milhões.
Os mortos da guerra estavam na faixa de 19 a 40 anos. A população envelheceu, a proporção de mulheres aumentou. A guerra deixou 630 mil viúvas na França e um número ainda maior na Alemanha. A mulher libertou-se: fora chamada a trabalhar nas fábricas e na agricultura e, quando terminou a guerra, não seria mais apenas “do lar”. Porém, são óbvias as conseqüências negativas da guerra sobre os índices de crescimento demográfico e de produtividade.

Na guerra, a cavalaria e a maior parte dos transportes era hipomóvel, e os cavalos — cuja proporção era de um para três homens, deram sua contribuição à morte e ao sofrimento. Ainda maior que a mortandade causada pela guerra foi a trazida pela gripe espanhola de 1917-18, pandemia que matou 20 milhões em 28 países, neles incluído o Brasil. Só no Rio de Janeiro, causou 17 mil óbitos. 

O serviço de saúde dos exércitos em campanha, excetuado o caso das forças americanas, foi extremamente precário, tendo sido enorme o número de feridos que poderiam ter escapado à morte. Entre os inválidos de guerra, destacam-se os multiamputados e os horríveis “gueule cassées”, os “caras quebradas”, cujo sofrimento foi minorado graças ao desenvolvimento da cirurgia plástica decorrente da Grande Guerra.

A Grande Guerra começou e desenvolveu-se com cada lado seguro de defender a boa causa e de que o inimigo era a encarnação do demônio. A propaganda encarregou-se de fortalecer e difundir esse pensamento. Assim, não há de se estranhar que tenha sido uma guerra total, com o emprego de todos os recursos para alcançar a vitória. Quando ela terminou, houve quem assegurasse ter sido a última — a “guerra para acabar com todas as guerras”, introdutora de uma paz justa e eterna. O Tratado de Versalhes tem sido culpado por, em lugar disso, ter lançado o germe da Segunda Guerra Mundial, devido ao rigor de suas cláusulas. Excessivo, para uns, insuficiente para outros. [...]

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Questões para organizar o raciocínio
1) Quais eram os países que compunham, respectivamente, a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança?
2) Construa uma breve narrativa que explique a origem do conflito.

Questões ligadas ao texto
3) A batalha do Somme (1916), citada no texto como a mais sangrenta da Primeira Guerra Mundial, foi especialmente traumática pelos ingleses, que, ao atacar juntamente com os franceses, perderam um grande número de soldados em seus conflitos com os alemães. Os conflitos na "frente ocidental" ainda resultariam em poucos avanços, embora com muitas mortes, até o ano seguinte. Sobre isto, responda:
a) Os alemães também tinham tropas na frente russa. Explique os motivos desta estratégia adotada por eles.
b) Por que as trincheiras são um dos símbolos por meio dos quais atualmente nos remetemos à Primeira Guerra?
c) Como se deu a ruptura do equilíbrio em que as forças militares se encontravam em 1917?
d) Nesta batalha citada, a do Somme, como em várias outras, houve a participação de tropas como as da África do Sul e da Nova Zelândia. Como podemos relacionar esta afirmação com o processo do imperialismo, avançado pelos países europeus desde o século XIX?

4) Os direitos das mulheres foram conquistados, ao longo da História, por meio de lutas e reivindicações por parte de incontáveis agentes históricas. O texto menciona uma maneira pela qual a Primeira Guerra Mundial criou condições para que estas lutas ganhassem força. Qual é ela?

5) A Rússia saiu da guerra, em 1917, por conta de desdobramentos da Revolução Russa. Sobre ela, responda:
a) De que maneira os governos de Lvov e Kerensky, no poder graças à Revolução de Fevereiro, lidaram com a possibilidade de saída da Rússia do conflito? E o governo de Lênin, implantado após a Revolução de Outubro?
b) Caracterize o Tratado de Brest-Litovsk.

6) O texto caracteriza a Primeira Guerra como uma "guerra total". O que esta afirmação expressa?

7) Que tipo de críticas, segundo o texto, são usualmente voltadas ao Tratado de Versalhes? Demonstrando seus conhecimentos sobre o tratado, cite exemplos que possam embasar tais críticas. Por fim, explicite: você concorda, ou ao menos vê sentido, na ideia de que o tratado contribuiu para o surgimento de novos atritos, nos anos que o seguiram? Explique sua opinião.